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Pessoas

e coisas

Objetivo: Facilitar o reconhecimento da existência de relações de poder e seu impacto sobre as pessoas e seus relacionamentos.

Material:

Papeizinhos com as letras “P”, “C” ou “O” para sorteio.

Adaptações

Para estudantes mais novos (1º, 2º e 3º ano), dedicando um tempo maior na explicação da atividade.

Comentando a atividade:

“Essa é uma atividade que funciona muito bem com estudantes mais novos. Na primeira etapa, na parte da dinâmica, eles e elas costumam se divertir enquanto mandam ou imitam objetos. Estudantes mais velhos, no entanto, costumam ficar mais parados/as (talvez por acharem a atividade mais “boba”) e a discussão costuma ser bem mais produtiva que a primeira etapa. Durante a atividade é comum que estudantes tendam a fazer duplas fixas de pessoas-coisas, então, buscamos ressaltar que as coisas são livres para “uso” de qualquer pessoa. Também é muito frequente que coloquem animais na posição de coisas, no mesmo patamar de objetos, “imita um cachorro”, “imita um cavalo e eu monto em você”, e é importante levarmos esse aspecto para o debate. A primeira etapa é rápida, durando por volta de cinco minutos. Após isso, a atividade começa a ficar arrastada. Na conversa após a dinâmica, surgem vários relatos de casos de racismo e machismo, em que as e os estudantes contam sobre situações que viveram e se sentiram/foram tratados como coisas. A relação de estudantes-professores/as e mães/pais-filhos/as também é muito frequente no debate, às vezes sendo o primeiro a ser mencionado. Quando questionamos sobre quais grupos sociais costumam mais frequentemente serem tratados como coisas, eles facilmente identificam pessoas negras e mulheres.”

Desenvolvimento

Dividir a turma em três grupos. Levar papeizinhos com as letras P (pessoa), C (coisa) e O (observador) na proporção de 2/5 para P e C e 1/5 para O.

Informe o nome da atividade e explique que quem tirou cada letra deve se reunir em uma parte da sala, dizendo o que significam as letras.

Leia as regras para cada grupo:
Coisas: As coisas não podem tomar decisões ou fazer nada por vontade própria; têm que fazer aquilo que as pessoas mandarem. Se uma coisa quer se mover ou fazer algo, tem que pedir permissão à pessoa.
Pessoas: As pessoas pensam, podem tomar decisões, sentem e, além disso, podem pegar as coisas que querem.
Observadoras/es: Observam o que acontece.

Peça para o grupo de “pessoas” pegar as “coisas” e fazer com elas o que quiserem.

Dê ao grupo de cinco a dez minutos para que cumpram seus papeis de pessoas, coisas e observadores.

Peça ao grupo que volte aos seus lugares e use as perguntas abaixo para facilitar a discussão.

Pode ser que o grupo solicite uma segunda rodada para troca de papéis. Recomenda-se que isso seja evitado para não suscitar a lógica da vingança, salientando que é importante dedicar um tempo para a discussão.
Perguntas disparadoras para a discussão:
  • Para as “coisas”: Como você foi tratada pela “pessoa”? Como se sentiu sendo tratada como coisa?
  • Para as “pessoas”: Como tratou a “coisa”? Como se sentiu tratando alguém como coisa? Você se sentiu poderosa? Por que sim ou por que não?
  • Para os/as observadores/as: Como se sentiu observando a atividade? Você gostaria de ter interferido em alguma situação? Se sim, o que você poderia ter feito?
  • Para a turma: Por que as “coisas” obedeceram às ordens das “pessoas”? Houve pessoas do grupo de “coisas” ou “pessoas” que resistiram ao exercício? Em nossa vida cotidiana, nós somos tratadas como coisas? Quem nos trata assim? Por quê? Nós tratamos outras pessoas como coisas? Quem? Por quê?
  • Os observadores fizeram algo além de observar? Na vida cotidiana, nós somos “observadores” de situações em que algumas pessoas tratam outras como coisas? Nós interferimos? Por que sim? Por que não?
  • Se você tivesse a chance de escolher entre os três grupos, o que você teria escolhido ser? Por quê?
  • Por que as pessoas tratam os outros como coisas?
  • Na escola acontecem situações assim? Como?